Ceará avança 479 km em rede de esgoto nos últimos dois anos
- 24/09/2025
O estado do Ceará firmou, em 2023, a maior Parceria Público-Privada de esgotamento sanitário do País e é referência para universalização do serviço no Brasil. divulgação Estado com a maior Parceria Público-Privada (PPP) de esgotamento sanitário do Brasil, o Ceará tem apresentado bons resultados na ampliação da infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto. Em pouco mais de dois anos, a parceria entre a Cagece e a Ambiental Ceará implantou mais de 479 km de novas redes de esgoto, com investimento de R$ 1,5 bilhão, o que inclui obras de expansão, melhorias no sistema, serviços comerciais e atividades de conscientização. Os dados são referentes a maio de 2023 — quando a PPP iniciou a operação — até o primeiro semestre deste ano. Neste mesmo período, 193 equipamentos do sistema de esgoto foram revitalizados, abrangendo tanto Estações de Tratamento (ETEs) quanto Estações Elevatórias de Esgoto (EEEs), fundamentais para a destinação correta do esgoto gerado pelos moradores. Com isso, mais de 67 mil imóveis tem, hoje, infraestrutura para se conectar ao sistema de esgotamento sanitário. Os serviços modificam o cenário urbano em regiões que careciam de esgotamento sanitário, como aconteceu em Missão Velha, na Região do Cariri. “Antes, aqui tinha muita lama, mau cheiro e sujeira na rua. Nessa rua, muitas pessoas tiveram dengue, Chikungunya e outras doenças que têm a ver com o esgoto. Agora, nós podemos sentar na calçada para conversar, as crianças estão brincando na rua, e estamos mais saudáveis e felizes”, afirma Maria Raquel Ribeiro, moradora da do bairro Antônio Linard, contemplado com 1,2 km de novas redes no primeiro ano de operação. Ampliação da rede de esgoto abrange 24 cidades das regiões metropolitanas de Fortaleza e Cariri, com investimento de R$ 6,2 bilhões pela Parceria Público-Privada entre Cagece e Ambiental Ceará divulgação Jornada pela universalização Desde a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento Básico, há cinco anos, estados e municípios têm se movimentado para avançar na expansão dos serviços de água e esgoto e alcançar a universalização até o ano-limite de 2033. A legislação estabeleceu prazos, mas também deu mais autonomia ao poder público para implementar modelos mais eficientes de gestão, ampliando os investimentos da iniciativa privada no setor, em colaboração com entes públicos. O texto estabelece que, até 2033, 90% da população deve ter acesso ao serviço de coleta e tratamento de esgoto. A parceria entre a Cagece e a Ambiental Ceará pretende não só responder esse desafio como também ampliar a cobertura para 95% da população atendida, até o ano de 2040. Para isso, a PPP do esgotamento sanitário no Estado prevê um investimento total de R$ 6,5 bilhões em obras para viabilizar a universalização do esgoto em 24 municípios das regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri, incluindo a Capital, além de aprimorar os sistemas já existentes e qualificar a operação do serviço. “A ideia da Parceria Público-Privada entre a Cagece e a Ambiental Ceará é justamente avançar com a prestação dos serviços de esgoto, com a velocidade e qualidade. Há muitas lições sendo assimiladas e estamos conseguindo avançar, inclusive em novas tecnologias no nosso estado”, avalia Luciano Arruda, diretor de Gestão de Parcerias da Cagece. A parceria aposta na inovação para qualificar o serviço de esgotamento sanitário nos municípios onde atua. Nos Centros de Operações Integradas (COI), instalados em Fortaleza, Maracanaú e Juazeiro do Norte, a Ambiental Ceará monitora em tempo real, 24 horas por dia, toda a operação de esgoto, evitando extravasamentos e acompanhando o andamento da operação em mais de 450 unidades operacionais, entre EEEs e ETEs. A inovação, também, é utilizada em obras como na substituição dos 1,6 km de coletor-tronco no bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, em que o Método Não Destrutivo (MDN) reduz de forma significativa a quantidade de valas abertas para a instalação da nova estrutura. Conexão e qualidade de vida Diversos estudos demonstram o impacto da falta de esgoto na saúde da população. Os dados apontam que, quanto menos se investe em saneamento básico, maiores são os custos com o tratamento de doenças, sobrecarregando o serviço público de saúde. De acordo com o Instituto Trata Brasil, a universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto e da distribuição de água tratada, no Ceará, deve reduzir em R$ 1,2 bilhão os custos com saúde, até 2040. Esse montante equivale a uma economia de mais de R$ 69 milhões por ano pela redução de despesas com internações por doenças de veiculação hídrica e doenças respiratórias; e também com a diminuição do custo associado a horas pagas e não trabalhadas por profissionais afastados devido a essas doenças. Essa infraestrutura não apenas se reverte em mais saúde para a população, como também garante que todo o esgoto coletado receba tratamento e retorne ao meio ambiente sem danos aos corpos hídricos, contribuindo para a preservação de rios, lagoas e riachos, além de contribuir com a qualidade da água no litoral. Para o diretor-presidente da Ambiental Ceará, André Bicca, a infraestrutura de esgoto deve avançar em paralelo com a conscientização dos moradores sobre a importância de se conectar à rede. Segundo ele, esse é um dos maiores desafios, uma vez que muitas pessoas ainda têm resistência a se interligarem. “A adesão é o único meio de garantir que todo esse investimento se reverta em qualidade de vida e saúde para a população. A interligação ao sistema é a garantia que temos para que o esgoto produzido nas residências seja devidamente coletado e tratado, evitando danos ao meio ambiente e ao cotidiano das cidades”, explica. Mais investimentos Com a maior Parceria Público-Privada de esgoto, Ceará avança na universalização do serviço divulgação Até o fim de 2025, a Cagece e a Ambiental Ceará vão implantar, por meio da PPP, a infraestrutura necessária para que mais de 75 mil imóveis se conectem ao sistema de esgotamento sanitário. Isso equivale a mais de 200 mil pessoas beneficiadas com a coleta e o tratamento de esgoto nas cidades atendidas pela parceria – quantidade que supera a lotação de três estádios do tamanho da Arena Castelão. A meta é encerrar o ano com cerca de 700 km de rede instalada, além da inauguração de três ETEs e 70 EEEs, com um investimento de R$ 1,8 bilhão até dezembro, em obras de expansão, melhorias no sistema, serviços comerciais e atividades de conscientização. “Assumimos o compromisso de apoiar a Cagece na universalização do esgoto nesses municípios e não vamos medir esforços para cumprir essa meta, por responsabilidade e respeito ao povo cearense. A colaboração firmada aqui no Estado é bem-sucedida e tem sido referência para o País por convergir esforços para acabar com a falta de esgoto nesses territórios. Não dá para enfrentar as desigualdades sociais sem falar na universalização do acesso a água e esgoto e, nisso, o Ceará tem mais uma vez saído na frente”, resume o diretor-presidente da Ambiental Ceará, André Bicca.
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